quinta-feira, 31 de maio de 2007

Lingüiça Revolts!

Não sou mais um ser petrificado.
Desvirtuo-me desta gosma estática acinzentada.
Não suporto mesmices, as quebro em golpes de olhar.
Todo este cotidiano repetitivo e sem nenhum impulso estimulante.
Pulso parado, sangue coagulado. Pulso rasgado, sangue pulsante.
Sempre o mesmo fantasma a me seguir, prazer em revê-lo, senhor paradoxo.
Corro de costas neste trânsito robótico,
colidir é minha diversão, meu prazer sem perdão
Acho tão natural o dês-comum.
Viver para morrer não consta em meu vocabulário
Leia os meu lábios: "tenho cara de otária?!"
Todo dia o mesmo caminho.
As mesmas pessoas. Os mesmos horários.
A mesma maldita falta do que fazer.
Os mesmos compromissos dês-compromissados.
As mesmas bocas. Os mesmos beijos.
Os mesmos sexos. O mesmo desejo.
A ânsia de fugir de todas as mesmas coisas.
A busca incessante pelo novo desconhecido,
o sentimento de vazio dentro desta cheia cabeça.
Nascida para viver. Redundância exclusiva de contáveis seres.
Encaixo-me no patamar dos estranhos estranhados.
Ao andar, corro. Ao sorrir, morro.
Mas revivo a cada lágrima jorrada,
e aprendo quando paro para contemplar o nada.
Maldita sina das horas confundirem-se com os minutos,
quero correr, viver, morrer, tudo. Tudo exatamente junto.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

A boa e velha lingüiça clichê: pecar custa caro

Refugio-me. Olho no espelho retrovisor e não vejo o que há por trás.

Escondo-me novamente no retiro dos infortúnios.

Mais uma vez desilusão. Mais uma vez decepção.

Nascida para personificar todos os paradoxos da vida.

Um sorriso trazendo profunda tristeza.

Por que tem que ser assim?

Por que tudo necessita um porquê?

Não sei. Serei sempre aquela que as pessoas não entendem.

Serei sempre a seca lágrima que insiste em esconder-se.

O coração apertado e a falta de ar momentânea.

Este misto de tristeza, agonia e desespero. Internos.

Privarei o mundo de meu jardim de horrores.

E meu vício de observar o vento pentear a copa das árvores

parece-me, hoje, ter mais sentido.

Estou fugindo. Não me envergonho.

Mergulhada no meu infinito amoral, imoral, normal.

Engraçado, os piores dias da minha vida insistem em ser os mais belos.

Céu límpido azul anil, árvores verde-amareladas.

Uma deliciosa brisa a arrepiar meu dorso. As horas parecem propositalmente congelar-se.

E este aperto que não cessa.

E este profundo respirar que faz minha alma se contorcer em dores.

Quero chorar. Preciso chorar.

Recorrer-me-ei ao infinito.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Segunda-feira irritante

Os olhos insistem em cerrar-se, são obesos
A concentração, vulgarizada, perde-se no silêncio mórbido que me cerca
Ouviria os grilos, não fosse esta invasão de concreto armado vegetariano
alimentando-se de plantas, flores, ou qualquer outra coisa fotossintetizante
Quisera eu ser uma exímia artífice na arte de vomitar poesias perfeitamente metrificadas
Não sei a cor do céu
Há nuvens lá fora?
Sinto-me presa envolta por estas paredes branco-encardidas
Estranho.
No ouvido Sérgio e Arnaldo Baptista sussurram-me uma loucura majestosa
Sim, sou muito louca. E não vou me curar não, obrigada.
Mais uma louca presa nesta normalidade acomodada
Ainda tonta da noite anterior. Bares, álcool e uma pseudo-filosofia barata
Este mundo de pseudo-realidades é fascinante, não?!
Veja você; eu, uma pseudo-redatora,
escrevendo um pseudo-texto, com pseudo-frases desconexas
E você, pseudo-leitor, formando um pseudo-pensamento à meu respeito
Viva a pseudo-falta do que fazer no trabalho.
“No chão de folhas secas de jornal”, é outono aqui na agência
Segundas-feiras outonais são completamente broxantes
E o resultado delas, são textos como este que você acabou de ler
Frígidos, mas com total sentido.
Viva a frigidez literária sentimental!
E para rimar: Tchau.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Hãããnnn (dedinhos)

Embasada em um processo de introspecção totalitária, proseava eu com o meu outrem que, estático e mudo, pôs-se a habitar meus axônios em tempos remotos. Quiçá ele não saiba, mas diante de árduos dias de labuta diária ponderei o retorno custo-benefício que alquilar meus pertences naturais trazia-me. Deparei-me cansada com esta realidade esdrúxula que, movida pela devoção exacerbada de cousas desprovidas de capacidade intelectual, busca apenas a egosatisfação. Colocar-me-ei contra esta mais-valia desvairada que insiste em explorar os menos favorecidos, doa a quem doer o uso de minha supracitada mesóclise. A empregarei sem medir esforços, sempre colocando em voga o sentimento comum a grande massa covardemente pisoteada. Chega de infortúnios! Pela sua atenção, sou grata.
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O texto de hoje é especialmente dedicado para minha grande amiga Isabel Noronha, fã incondicional de minhas lingüiças, inclusive ela diz que tenho dedos da tal iguaria. Isabel certa vez, me zuando pelo constante uso de palavras pouco conhecidas e construções literárias complexas, me pediu para fazer um texto que tivesse um "quiçá", um "voga" e uma mesóclise. Ai está. hahahahaha

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Lingüiça de tudo, lingüiça de nada... Lingüdo e Lingüada (ui)

O drama de não saber como será o amanhã. De sentir-se um útil inútil no meio de um mar de pós-utilidades. Não saber de nada e, sabendo disso, compreender que o nada não é nada. Mas também não é tudo. Quando sabemos de tudo, não sabemos o nada, então concluímos também que o tudo que sabemos não é tudo. O tudo e o nada. Opostos complementares, impossibilidade de alcance. Doce utopia binária. Ninguém sabe nada. Ninguém sabe tudo. Nada se sabe sobre o tudo. Tudo que se sabe sobre o nada é nada. Nada tudo nada tudo nada tudo nada tudo. Nada neste mar de nada e veja tudo que compõe o nada. É simples. E fatal. É tudo brutalmente vital. É tudo. É nada.
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a sinusite impede o atual funcionamento de meus neurônios. Socorro, alguém traz o desentupidor de privada ai!!!

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Lingüiça pra curar ressaca (?!)

Quarta-feira pós dia do trabalho, eis que resolvo adentrar a fundo na hermenêutica das festas open bar. Festa Open Bar é coisa do capeta, diria um grande amigo meu, eu digo que esta seria uma visão superficial, a arte que envolve este tipo de festa é tão graciosamente intrigante, que estudá-la daria uma ótima tese de monografia. A propósito, ainda não defini o que farei em minha monografia, quem sabe desta lingüiça ressacada que hoje encho não saia um prólogo da dita cuja... Não sei se trata-se de uma lei Universal, mas é incrivelmente perturbador como festas deste caráter atraem tanta gente bonita. Aliás, todos são tão lindos em festa open bar. Tão fashions... Tão modernos... Tão sofisticados... Tão simpáticos... Tão legais.... Tão... Tão... Tão bêbada eu estava!!! Oh Lord! Preciso parar de freqüentar festas open bar, é sempre igual. Começa-se com a cervejinha básica, quando menos se espera, o conteúdo do copo perde totalmente a coloração e lá está a vodka pura e quente. É um ato involuntário, sabe arco-reflexo? Então! As mãos criam vida, e ô personalidadezinha difícil de lidar essa da mão, viu?! Surge o copo com o líquido descolorido, a mão move-se lentamente. Digo não. A mão reluta, exalta-se um pouco e segue sua estrada rumo ao desconhecido. Mais uma vez o cérebro berra “não mão, não mão!”. Em vão, de súbito ela pega fôlego, desvia dos empecilhos físicos e pum, copo nela. Boca, copo, boca, copo, boca, copo. O cérebro já não sabe se quer impedir aquele ritual de acasalamento boca-copo ou se age de maneira responsável e volta para o fermentado. Fermentados são amigos, eles não dão amnésia. Devia vir escrito nos convites das festas open bar: Na compra de um ingresso ganhe inteiramente grátis uma deliciosa amnésia. Tenho uma teoria para as amnésias a nós cedidas pela vodka. Tamanho é o esforço do cérebro para impedir a nossa saída do âmbito fermentado para o destilado, que o que vem depois a São Longuinho pertence. “São Longuinho, São longuinho, se você devolver minha memória, minha responsabilidade e minha capacidade físico-motora eu dou três pulinhos, lembrando que para os três pulinhos acontecerem o terceiro pedido deve ser inteiramente atendido...”. Ah, eu peço um autógrafo para quem jurar que após uma festa open bar não acorda no dia seguinte falando a célebre frase: “não bebo mais nunca”. Juro que peço! E a propósito, parei de beber, viu?!