segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Moulin Rouge Nuits / São Paulo, 08.08.2010

Não dá pra ver estrelas daqui - Disse ela de fronte a ele, chapada no sofá da sala. Pega um espelho e você vai ver... – de pronto ele respondeu, rasgando com seu olhar hipnótico as grossas lentes ao rosto. É, verei quinze, né? – balbuciou muda, praticamente o ensaio de um pensamento alto. Não, você vai ver uma só... – pontuou o papo, povoando, por fim, com um longo e compartilhado silêncio a sala em chamas...

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Ainda estatelada no sofá da sala, ainda olhando fixamente para a luz vermelha do abajur ao chão, ela desenvolvia. Inacreditável um céu sem estrelas. Inacreditável caminhar sem taciturnas testemunhas. Intercalava o vermelho do abajur com o branco vazio do teto, tinha toda a certeza de que, por entre os sons de carros acelerados e sirenes escandalosas, ouviam-se sussurros de uma vida latente. Distante, lá fora, lá pra cima...

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Adorava sentir-se extasiada, adorava aquela sensação dos neurônios pulsando forte. Concluía sua divagação ao silêncio: sob esse céu carregado de estrela alguma, levo comigo minha própria constelação... Tão logo ousou continuar sua linha de raciocínio, Caetano invadiu a sala edificando um novo muro de significação...

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