quinta-feira, 29 de abril de 2010

Hiper-real.

Tudo era, mesmo não sendo. Víamos como fuga, o lugar que mais nos encontramos. Sorríamos, beijávamos, tragávamos, prendíamos e sorríamos novamente. Num tão viciante ciclo, que ele mesmo viciou-se em si mesmo. Viciante ciclo vicioso do qual abolimos tangentes. Dali, depois de entrar, ninguém jamais sairia. Foi na evasão, que mais fomos nós. Não retornaríamos daquilo que tínhamos nos tornado. Agora era a gente. Éramos gente. Era você, era eu. Era você. Tão vestido de si, completamente nu pra mim. Era eu. Tão perdida em certezas, me encontrando em meus achismos. Nos fundíamos em peruanas. Eu te sentia, como sempre. Você me tocava, como nunca, sem um toque sequer. Ignorávamos as muitas peças de roupas, dessa vez organizadamente amontoadas em nossos corpos. Despíamo-nos ainda que nos mantivéssemos vestidos. Experimentei seu sorriso mais sincero, preenchi-me. Agradeci retribuindo. As horas passavam, a sensação perdurava. Afogava-me numa lenta onda de calor, envolvia-me na malemolente dança do ar. Era fremindo que eu te observava com um olhar inocente, lançando fagulhas de uma 2ª intenção reprimida, agora era você que retribuía. As significativas sílabas de um silêncio revelador me diziam. Não me permitiria afugentar detalhe algum. E não o fiz. Nada me foi tirado com o clarão da lucidez. Lembro-me bem de nossa dopada realidade. Lembro-me bem do real mais verdadeiro que já experimentei. Não era só real, não era surreal, era mais que isso. Era eu e era você e, fora dali, era o resto do mundo. E só.

2 comentários:

Mariana disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Mariana disse...

talvez sim. talvez não.

i guess we'll never know.