terça-feira, 30 de outubro de 2012

Masturbação Mental


Dia insuportavelmente quente - falso preâmbulo de fim de mundo. Obrigou-se a andar o dia todo,  estimulada pela incontrolável vontade de se livrar da carapuça fordista - aquilo lhe aumentava em 5 graus a sua miopia já não só literal. Uma dosagem diária de mesmice e logo se viu dependente. Era uma inércia química que, consciente, permitiu correr em suas veias. Viu morrer seu prazer. Ficou broxa, assexuada, frígida. E era cúmplice de tudo isso. Em dias insuportavelmente quentes, como hoje, costumava se questionar. Tanto calor seria só clima ou vinha de dentro pra fora, como se aquele incêndio que já lhe habitou as entranhas clamasse por nova combustão?

Percebeu antes da metástase: que morra o conforto das linhas de montagem, mas que nunca morra o tesão de fazer diferente.

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Amassou o papel rabiscado de divagações. Sorriu.

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Sentiu-se viva. Masturbação mental excita o léxico.



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