segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Meio eu, nada amor


Onde vivo, sou noite. Se viajo, dia. Manga gosto verde. A carambola tem de ser extremamente madura. Caqui de jeito nenhum. Suco sempre sem gelo. Mas Jack only on the rocks. Nasci no interior, me criei na capital, hoje moro numa metrópole. O jeito fechado é herança espanhola. A intensidade, ascendência brasileira. E, mesmo assim, continuo sem uma identidade definida.

Vivo só e gosto, mas tenho medo dos domingos sem companhia. Dou conselhos que não sigo. Brigo com amigos que não seguem os conselhos que dou e não sigo. Não tenho senso algum de direção, mas sempre sou cheia de certezas seguramente erradas quando estou com um grupo de perdidos. Sou incompleta por tantas metades. Nem lá, nem cá. Nem 8, nem 80, sou prólogo do primeiro: sou 7.

Incompleta por si só? Incompleta pra mim, só, suficiente. Eu, que de tantas metades, não tolero ser meio também no amor, essa tabula ainda tão rasa. Metade seguirei sendo apenas para mim mesma e, ainda que vazio, prefiro continuar transbordando a minha completa solidão.

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