sexta-feira, 29 de junho de 2007

Clima de final de curso =]

É chegada a hora.
O partir. A torturante despedida de quem não se vai.
Aquele até logo com peso de adeus.
O fim onde, ironicamente, se encontra um novo começo.
Novos horizontes desenhados em nanquim.
Abraço desajeitado, sorriso de canto, um doloroso acenar.
“Adeus, amigo. Boa sorte daqui pra frente”
Entristecer é um fatídico fato. Não há para onde correr.
Emudecidas ficam as partes compositoras desta melancólica poesia.
Em minha cabeça grita o silencioso tchau, efeitos de uma nostalgia pré-fabricada.
Pesam os olhos, as pálpebras já não obedecem mais meus comandos.
Cerrar os olhos pode ser determinante.
Lágrima, filha de Adeus, a Deusa da saudade.
Fincam-se espinhos em meu coração, aperta-me o tórax.
Busco oxigênio, mas o tal dia se aproximando retira qualquer condição de fazê-lo.
Quem irá rir de minha tão espalhafatosa olheira de segunda ?
Caminhar sem meu tendão de Aquiles será impossível, o tombo é inevitável.
Sonhos em comum. Esperanças de jovens mentes.
O mundo melhor de cada um de nós.
Hoje rumos distintos, amanhã pouco se sabe.
Sinto a antecipação do desespero. Estarei sozinha, perdida na floresta de concreto.
Olharei para os lados e não verei sua mão estendida, apenas lembrarei de suas palavras.
“O mundo é seu, siga em frente”.
O mundo também é seu, amigo. Nosso. O mundo é nosso.
E a vida é demasiadamente longa, a ponto de eu poder afirmar que voltaremos a nos ver.
Tchau, amigo. Até mais, nos vemos em breve, esteja certo disso.
Conquiste seu mundo, conquistarei o meu. Encontro-te neste caminhar.
Até logo, amigo. ATÉ LOGO.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

;]

Andando pelas planejadas ruas de Brasília em mais uma monótona manhã de segunda-feira, deparei-me com um fato comum, rotineiro, mas este, em especial, chamou bastante a minha atenção. O avermelhar dos semáforos anunciando a dura realidade excludente dos seres humanos. Um senhor aparentando trazer na bagagem de seus traços duros 70 anos de vida, ou mais. Barba cor de cal por fazer, pele mulata, botina caramelo rota, camiseta de um xadrez visivelmente desbotado. Trazia em suas mãos um rústico chapéu de palha. Esta era sua ferramenta de trabalho. O chapéu, diante do duro fardo imposto aos homens. O sobreviver vencendo o orgulho, e a dignidade, friamente roubada pelo sistema, buscando a saída para se viver. O chapéu, o único instrumento que lhe sobrou, seu ganha pão, sua sobrevida. Ele pedia. Seus olhos brilhavam. Indaguei-me se seria a ponta de esperança que ainda movia seus sonhos ou a lágrima contida por aquela condição sub-humana. A resposta, não sei, e, talvez, nunca saberei. Eu não tinha moedas, trocados ou centavos, como ele pedia. Não tinha, de verdade. Trazia comigo as olheiras de um domingo intenso e as idéias que borbulhavam em minha mente. Trazia algo mais e não sabia que trazia. Trazia o sorriso. O sorriso que, inocentemente, dei, e que me fez perceber que sempre temos algo grandioso a oferecer. Sorri, apenas. Um sorriso sincero, daqueles que os olhos permanecem semifechados fazendo você enxergar muito além das coisas. Sorri e fui curiosamente retribuída. Sorri e vi o brilho daqueles tristes olhos aumentar como guiado por uma função exponencial. Sorri e escutei um emocionado e satisfeito “Obrigado pelo sorriso”. Sorri. Apenas e tanto.