Não faz muito resolvemos que seríamos insanos. Metamorfoseamos
loucuras em normalidade. Era quase diário, fingíamos acreditar que o mundo se
esvairia e passamos a forjar realidades. Na verdade, inquietos, explodimos, nós
mesmos, o resto do mundo. O sangue pulsava com muito mais força se diluído em
álcool, o cérebro só funcionava depois das 16h20 – isso quando acordávamos antes
de 16h20. Debatíamos coisas sem importância alguma na pressa do não amanhã. Mirabolávamos
novas filosofias, sempre concluindo nada; perdíamos-nos, antes, no turbilhão de
lacunas que assolava a nossa cabeça. Dava tesão imaginar que, enquanto apenas fritávamos
sob um sol de 40 graus sem proferir uma única palavra, o resto do mundo se
esgotava em sua previsibilidade fodida. Fundida. Fedida. E que se foda o
protetor solar, estávamos vivendo. Os dias em que resolvíamos desacelerar, nos
assombrava uma ressaca social que só passava voltando pro abismo. Era vazio,
mas o que fazer quando se compreende que nosso mundo acaba toda hora? Sempre
nunca existiu, não há tempo pra isso. Sempre nunca há tempo suficiente pra
coisa alguma. Precisamos correr. Acordar, bater ponto, comer, bater ponto, comer, banho, sexo, dormir, acordar ponto comer ponto comer
banho sexo dormir acordarpontocomerpontocomerbanhosexodormir... Cada vez
mais velozes. Cada vez mais ferozes. Correndo pra ganhar tempo e poder perdê-lo
correndo mais e mais. Atropelando pausas. Afinal, há sempre a falsa esperança
do amanhã.
Para T.L. e nossa falácia atualmente tão lógica.
Para T.L. e nossa falácia atualmente tão lógica.
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