domingo, 25 de novembro de 2012

Falácia

Não faz muito resolvemos que seríamos insanos. Metamorfoseamos loucuras em normalidade. Era quase diário, fingíamos acreditar que o mundo se esvairia e passamos a forjar realidades. Na verdade, inquietos, explodimos, nós mesmos, o resto do mundo. O sangue pulsava com muito mais força se diluído em álcool, o cérebro só funcionava depois das 16h20 – isso quando acordávamos antes de 16h20. Debatíamos coisas sem importância alguma na pressa do não amanhã. Mirabolávamos novas filosofias, sempre concluindo nada; perdíamos-nos, antes, no turbilhão de lacunas que assolava a nossa cabeça. Dava tesão imaginar que, enquanto apenas fritávamos sob um sol de 40 graus sem proferir uma única palavra, o resto do mundo se esgotava em sua previsibilidade fodida. Fundida. Fedida. E que se foda o protetor solar, estávamos vivendo. Os dias em que resolvíamos desacelerar, nos assombrava uma ressaca social que só passava voltando pro abismo. Era vazio, mas o que fazer quando se compreende que nosso mundo acaba toda hora? Sempre nunca existiu, não há tempo pra isso. Sempre nunca há tempo suficiente pra coisa alguma. Precisamos correr. Acordar, bater ponto, comer, bater ponto, comer, banho, sexo, dormir, acordar ponto comer ponto comer banho sexo dormir acordarpontocomerpontocomerbanhosexodormir... Cada vez mais velozes. Cada vez mais ferozes. Correndo pra ganhar tempo e poder perdê-lo correndo mais e mais. Atropelando pausas. Afinal, há sempre a falsa esperança do amanhã.


Para T.L. e nossa falácia atualmente tão lógica.

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