terça-feira, 24 de abril de 2007

Foi dada luz à língüiça....

A timidez nos tempos atuais.

Áureos eram os tempos em que ser tímido era um dom, quase um frufruzinho a mais que tornavam fofíssimas as pessoas que, banhadas em timidez, escondiam-se por trás do cabelo no rosto, do sorriso amarelo sem graça e das risadinhas por conveniência. Engraçado como o tempo passa e as coisas sofrem mutações estrondosas, escandalosas, espalhafatosas. Vai de um extremo ao outro, sem nem dar tempo de descobrir o porquê... Água pro vinho, já dizia minha avó, a propósito, saudade da minha avó... Aquela lá sim é um exemplo de boa vivant dos tempos modernos. Um sorriso... Uma gargalhada que simplesmente explode-se em simpatia e amor à vida. Timidez ali passa longe, viu?! Chega a ser engraçado, motivo de piadas familiares, ela tem o estranho hábito de cumprimentar todas as pessoas com as quais cruza em uma simples ida à loteria no quarteirão acima, certeza que se ela tivesse orkut estaria na comunidade cumprimente quem você não conhece. Quarteirão!!! Saudades de Minas e seus quarteirões... Nossa! Falar de timidez me despertou um sentimento nostálgico... Mas, enfim, Manuela López a menina dos rodeios (olha Minas ai de novo, gente!), mais uma vez enchendo lingüiça com sentimentos ultrapassados em um texto que trata de um assunto tão ultrapassado quanto... Menina, seja mais objetiva... OBJETIVIDADE, viu?! Confesso que acho dificílimo alcançar a tão sonhada objetividade, textos objetivos pra mim são extremamente clichês, insosos e desanimadores. As pessoas querem sentimentos, identificar-se com o texto, sentir que aquilo ali foi escrito para ela, única e exclusivamente. Tenho um caso de amor louco e possessivo pelas metáforas, paradoxos e hipérboles. Garotinha moderna, paz e amor, tatuada, poligâmica e “trilingüe”, morou, brother?! Ta... Mas voltando ao assunto, o que eu tava falando mesmo? Rodeio, objetividade, quarteirão, vó Anita... Ah sim, timidez! Bah, também não quero mais falar de timidez, já abri meu coração meloso e fiz uma proclamação sentimental tentando justificar uma incapacidade minha. Chega de tripas lingüísticas nesta lingüiça boçal. Nossa, acabei de reparar, lingüiça lingüística, como soa bem! Eu ia falar que sou tímida, mas agora estou dando mais valor a tal da lingüiça lingüística... Alguém ai quer ver minha lingüiça lingüística? É, acho que minha timidez foi pro buraco, e a real intenção desse texto também...

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou um devoto. Sim, devoto. Admirador, entusiasta, torcedor... Nada disso exprime tão bem o que sou. Ser devoto é ir além das justificativas mais ou menos coerentes. Na verdade, devoção não tem muita simpatia com comprovação ou a frieza do raciocínio de causa-e-efeito. Há que se alertar para umas tais devoções mesquinhas, fáceis de se encontrar por aí. São amantes do toma lá, dá cá. Aquela outra, a verdadeira, faz com que se escolha um lugar especialíssimo para se colocar o objeto da devoção, para admirá-lo por suas qualidades, mas, principalmente, por uma tal aura que nem o próprio devoto sabe dizer direito de onde vem.

Sou devoto de Manuela López. Humildemente, deixarei aqui minhas oferendas, minhas preces para que não cesse de nos premiar, de nos consolar com seu verbo divinamente concebido.