quarta-feira, 19 de setembro de 2007

No escuro de meu quarto

Aqui me encontro, diante deste sombrio céu de cintilantes estrelas artificiais.

Mergulhando no negro de minhas recordações, a procura de algum registro notório.

Em meio às loucuras e irresponsabilidades de uma meia vida, perco-me.

Noites sem memória, diálogos travados com o nada,
copos destilados à velocidade da luz.

Pessoas travestidas, libido em demasia, relações sem pudor.

Lá, ninguém sou. Ninguém é. Todos vem e vão.

Festividades do além mundo, esgoto, submundo.

Sinto a deterioração de tudo que me é interno.

Fígado, estômago, coração, pensamentos e preconceitos.

Cresço com o desandar de minha vida, aprendo com cada lição mal resolvida.

Fito um breu mais forte que os outros, projeção de meus pensamentos.

Negro, exacerbadamente sombrio, seguro esconderijo de sombras.

Noites sem notas, apenas noites vividas.

Ao repetir em todo crepúsculo este procedimento,

crio uma vida adoravelmente ilusória, sonho real acordada.

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